domingo, 22 de maio de 2011

MOMENTO POÉTICO

Sem alma nem prego



E tudo isso se esvai...
Pra onde eu não sei!
E por que haveria de saber?
Quando foi que assumi essa obrigação?
Ah! Lembrei!
Pactuei com meus demônios quando estes me convenceram da minha vitimidade.
Quando me convenci que só me amariam assim: quando eu soubesse, salvasse...
lutasse, assumisse, denunciasse, discutisse, protegesse, cuidasse, amasse...
asses, esses, isses...
Mas até entender que amor não é merecimento...
Que tudo que eu aprendi se resumia a defesa e controle.
Minha mentira que eu não via como minha me trouxe aqui.
Ao menos agora me vejo nú,
sem alma nem prego,
porque tudo aqui se esvai...

Andreas Lux

terça-feira, 8 de março de 2011

MOMENTO REFLEXIVO

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"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro."

- Clarice Lispector -
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É, eu gosto muito dessa frase de Clarice porque, como sempre, ela diz muita coisa em poucas palavras. E vamos combinar, que coisas que ela diz hein? Vamos lá!
Quando a gente acha que tem que mudar alguma coisa na gente, sei lá, qualquer coisa! Um comportamento que você percebeu e quer mudar em você mesmo porque acha que assim se tornaria uma pessoa melhor e isso é importante para você. Muitas vezes nós podemos querer arrancar isso da gente, você pode ficar se perguntando: - Por que que eu faço isso? Daí você decide que nunca mais vai fazer isso... Bem... Quantas vezes você conseguiu por completo eliminar tal comportamento sem deixar o mínimo rastro? É possível que muitas pessoas respondam que não. Sabe por quê? Porque também os seus "defeitos" fazem parte de você. Surge aí uma necessidade de se saber o que danado que é defeito. Para uma bailarina gostar de comer chocolate pode ser um defeito, assim como que para um religioso pode achar defeito gostar de carnaval, ou mesmo um ateu pode achar defeito acreditar em Deus. Defeito é um adjetivo gerérico para "Eu não gosto de". Bom agora que já sabemos isso, nos resta saber o porquê de "não gostarmos de". Isso, claro, leva muito tempo e demanda muita disponibilidade de nós. (Ixe que isso tá muito em falta)
Acredito que o importante é compreender que todas as nossas ações nos definem e mesmo os "defeitos" são uma forma de nós existirmos, é assim que nós nos apresentamos diantedo mundo. Logo, não é produtivo apontar o "defeito" do outro (que na verdade é seu, porque ele pode não o perceber assim) porque é parte dele, e saiba! Você também tem defeitos aos olhos do outros... E ainda bem que os temos, já pensou o que seria da humanidade se nós não tivéssemo defeitos? Como já dizia Freud: Nós seríamos muito melhores se não quizéssemos ser tão bons! E as vezes nós podemos nos perder justamente porque destruímos um "defeito" como diria Clarice: Nunca se sabe qual o defeito que sustenta o nosso edifício inteiro... Enfim, cabe a nós todos nos empenharmos neste eterno e árduo exercício de nos compreendermos um pouco mais, discernir o que me pertence e o que pertence ao outro sabendo que nada pertence a ninguém kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk








- Andreas Lux -

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

MOMENTO MUSICAL

MOMENTO POÉTICO

Entrelaçados



Quem viu?
Quem provou?
Quem ouviu?
Quem sentiu?
Sem saber quem é você
Mergulhei dentro
Quebrando as correntes
Desatando nós.
No doce sufocar do teu beijo
Atordoado pelo teu toque.
Quando foi que me perdi em você?
Agora vago pelas ruas do teu coração
Ruas sem nomes
Cidades desgovernadas
Países sem mapas
Nações sedutoras.
Me tentaram
E tentei.
Por um instante, tentei povoá-las
Gritando pela pele
Aflorando sentidos.
Te desejo.
Desejo que sutilmente machuca
E aos poucos vai me tomando
Me fazendo te tomar em meus braços
Nos envolvendo nesse espaço
Sem limites
Sem verdades.
Onde a dor, é o lamento da distância.





-Andreas Lux-

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

MOMENTO REFLEXIVO

Da ambivalência que se revela



Consta no Aurélio: Curtir - Verbo transitivo direto. 3. Tornar rijo, são, saudável (uma pessoa), expondo-a ao sol, ao ar livre. 5. Padecer, sofrer, suportar. 7. Bras. Gír. Gozar, desfrutar, deleitar-se.
Nossa língua, neste caso nos revela uma ambivalência que não se encontra a nível semântico e sim a nível existencial. O Ser Humano é lançado no mundo imerso em uma grande falta. Cada um de nós, desde pequenos, aprendemos a nomear aquilo que nos falta com palavras, sons, gestos. Desejo. Mas nossa condição não se resume a isso, acredito, já que há momentos em que não queremos nada, e, não se iludam, não é quando temos aquilo desejado. Não somos apenas um buraco negro que suga tudo aquilo que deseja, também damos, por vezes até sem querer ou receber nada em troca mesmo que não saibamos. É mentira! Não nascemos imersos em falta! Surgimos sim é em meio a um grande vazio. Vazio. Vazio ao qual atribuímos sentido, pois este nos demanda e nos convoca a viver, a atribuir significado à existência, ao ser. Um desses sentidos pode ser a falta. Pode também ser o amor, Deus, a ciência, a humanidade, nosso umbigo... Não importa! Nós seres humanos, estamos sempre atados a algo, algo que nos imprime um uma cor, um cheiro, uma dor, uma doçura, um encanto, algo que nos define, nos diferencia, e nos assemelha, algo que nos torna humanos. Sem isso, não há humano, não há condição, não há nada. Somos seres artificiais, por artificiais eu tomo o sentido de culturais.
 Sim, a cultura é um artifício. Nós não nascemos “seres da cultura” custou aos nossos ascendentes milhões e milhões de eras para nos desenvolvermos, possuímos uma carga filogenética deveras consistente. A cultura tem algumas funcionalidades básicas: proteção, criação e alienação.
 Vivemos em sociedade por que esta nos possibilita mais força e proteção contra as adversidades (catástrofes naturais, ataques de predadores, etc). Afinal quando juntos nós padecemos pelo outro, esse outro que por várias vias se liga a mim, me define se definindo em mim, me relembra de minha condição, de minha fragilidade, esse é o verdadeiro sentido da empatia humana, enfim, juntos nesta rede chamada sociedade nos fortalecemos, literalmente, sem a sociedade que tanto criticamos (ainda bem) nossa expectativa de vida seria extremamente menor.
Criamos, sim, muitas coisas. Inventamos a linguagem, o direito, a medicina, a música, a dança, a religião, a arte, a economia, a ciência, a filosofia, a sociologia, a psicologia, são inúmeras as ferramentas com a finalidade de nos manter juntos, balancear as consequências dessa relação, amenizar nossa animalidade, etc. Tudo isso pesa sobre o pilar da sobrevivência. Mas nós, seres humanos, criamos desde os mais remotos tempos, porque precisamos criar, transformar, expressar algo que transmita a nossa complexidade e a nossa solidão. Possuímos esse lindo desejo inerente de deixar uma marca, de fazer, de nos mover, mesmo que não saibamos o porquê, mesmo que não percebamos, mesmo que não nos importemos em saber. Somos animais, que transbordam à natureza, que transbordam à linguagem, que transbordam às emoções, que transbordam à razão, existimos e transbordamos à existência.
Mas a cultura também nos aliena, sim, no sentido mais heideggeriano. É através da cultura que nos alienamos da angústia original, daquilo que é mascarado, sacralizado ou demonizado, em todas as culturas, sempre negado, temido, falo aqui da possibilidade das impossibilidades, da finitude, da morte. A finitude nos assombra silenciosamente, cada ato vivido nos remete ao tempo, o tempo de nossa existência breve, dentre o começo e o fim, todavia, há inúmeras formas de expressões dessa condição, cada escolha, cada sentido atribuído, cada possibilidade a cada momento nos retoma implicitamente à inquietação gerada pela questão da morte.
Diante da complexidade da funcionalidade da sociedade, do comportamento humano, da sua crise existencial vale ressaltar que não podemos falar de uma busca em atribuir um sentido à sua existência e sim sentidos. Somos seres plurais e diversos. Por isso somos ambivalência e inevitavelmente perpassamos isso para tudo em nossa vida. Fazendo analogia à palavra curtir: o homem lançado na facticidade precisa tornar-se rijo; são; se desenvolver; crescer nas suas múltiplas possibilidades; se expondo ao sol, à chuva, ao frio, ao vento, à complexidade que é viver. Contudo essa exposição também causa dor, sofrimento. Suportar o padecimento dessa vida é o preço por existir, conta que não nos foi dado o direito de negar. E inacreditavelmente o homem em meio a tudo isso ainda consegue conservar o direito de gozar, de desfrutar da vida, deleitar-se com os limões que ela lhe dá numa refrescante limonada. Homo sapiens: eis o mistério da ambivalência que se revela! 


 By Andreas Lux
        

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

MOMENTO MUSICAL






Dio Come Ti Amo

Nel cielo passano le nuvole
che vanno verso il mare
sembrano fazzoletti bianchi
che salutano il nostro amore

Dio, come ti amo
non è possibile
avere tra le braccia
tanta felicità

Baciare le tue labbra
che odorano di vento
noi due innamorati
come nessuno al mondo

Dio, come ti amo
mi vien da piangere
in tutta la mia vita
non ho provato mai

Un bene così caro
un bene così vero
chi può fermare il fiume
che corre verso il mare

Le rondini nel cielo
che vanno verso il sole
chi può cambiar l’amore
l’amore mio per te

Dio, come ti amo

Un bene così caro
un bene così vero
chi può fermare il fiume
che corre verso il mare

Le rondini nel cielo
che vanno verso il sole
chi può cambiar l’amore
l’amore mio per te

Dio, come ti amo
Dio, come ti amo
 
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Deus Como Te Amo

No céu passam nuvens
que vão de encontro ao mar
lembram lenços brancos
que saúdam o nosso amor

Deus, como te amo
não é possível
ter entre os braços
tanta felicidade

Beijar os teus lábios
com perfume de vento
nós, dois apaixonados
como ninguém no mundo

Deus, como te amo
tenho vontade de chorar
em toda a minha vida
nunca senti isso

Um sentimento tão precioso
um sentimento tão verdadeiro
quem pode parar um rio
que corre em direção ao mar

As andorinhas no céu
que vão de encontro ao sol
quem pode mudar o amor
o meu amor por ti

Deus, como te amo

Um sentimento tão precioso
um sentimento tão verdadeiro
quem pode parar um rio
que corre em direção ao mar

As andorinhas no céu
que vão de encontro ao sol
quem pode mudar o amor
o meu amor por ti

Deus, como te amo
Deus, como te amo

MOMENTO TEXTUAL

Fábula das Borboletas e do fogo




Certa noite, as borboletas reuniram-se ao redor de um lago de águas límpidas, com a luz da lua iluminando suas asas. Aquela luz elas conheciam bem, ela invadia o lago em certas noites, e elas sentiam-se convidadas a sobrevoarem todo o entorno do lago. A luz penetrava em seus olhos e as faziam vibrar de uma harmonia suprema, assim, elas compreendiam a lua e a noite. Mas aquela noite trazia um mistério, uma ânsia, a qual elas nunca puderam compreender e que as incitava a sobrevoar os domínios proibidos, onde vivam os humanos e assim o fizeram. Depois de terem conhecido este estranho povo viram uma luz, uma luz que não vinha do sol ou da lua, mas que também era quente e vívida, desde então elas se reuniam no lago e conservaram a curiosidade de conhecer a natureza do fogo. Diziam: - Que haja alguém que nos explique como é, realmente, o fogo.



Annabela, uma bela e inteligente borboleta, prontificou-se a ir ao castelo e, de longe, viu a chama da vela, ela também pesquisou em livros o que seria o fogo. Voltou e transmitiu, o quanto pôde, as impressões que lhe ficaram. Annabela estava muito entusiasmada, descrevia a pequena chama que observou de acordo com o que havia estudado. Dizia: - O fogo é o produto da reação de combustão de um combustível em situações apropriadas, como o clima seco e a presença de ventos, pois o ar é de extrema importância. O que Annabela dizia fazia sentido, mas tal descrição, por algum motivo não parecia contemplar a beleza do fogo. As borboletas sentiam que faltava algo então, Mab, a borboleta rainha, que presidia à reunião, julgou-as insuficientes e disse:- Annabela, linda criança, sabes que admiro tua dedicação e entusiasmo, porém compreendemos que os fenômenos da vida vão além da visão científica, cálculos e fórmulas não bastam para entendê-los. Em verdade digo-te que nada sabes sobre o fogo! - sentenciou. Annabela não compreendia as palavras da rainha Mab, ela sabia traduzir o significado das palavras que a rainha dizia, mas o sentido escapava à sua limitada compreensão, mas sabendo da grande sabedoria da rainha se juntou às outras na espera de uma solução para a questão.  



E assim, partiu outra borboleta, mais velha e experiente. Ela se chamava Morgana, conhecida entre as borboletas por sua criatividade e ousadia, a mais devota à Grande Mãe natureza, ela sabia do poder do fogo, o que ele representava para a Grande Mãe. Conhecedora das antigas artes, ela se aventurou no castelo, chegou a tocar na vela, sentiu o calor do fogo e, ali diante da pequena chama pediu à Deusa que a ajudasse a compreender o sentido do fogo, e voltando, também deu as suas impressões. Morgana falou da importância do fogo para a natureza, para o equilíbrio, para a transformação do mundo. Disse ela: O fogo é um dos elementos que regem tudo que existe e é necessário para a transformação da matéria em energia e cinzas. A nossa Grande Mãe sabe do seu poder, por isso nos mantém afastadas dele, pois ele pode também ser muito destrutivo.



Neste momento a perplexidade das borboletas era tamanha que um silêncio governou até o momento em que a rainha se pronunciou. Mab: - Morgana, conheço-te a muito, sei da tua admiração pela Deusa, mas não estamos atrás de conforto espiritual ou profecias catastróficas, o que nos inquieta é o nosso total desconhecimento diante deste fenômeno, o fogo. Todas esperamos por esclarecimentos, sabemos dos danos que ele pode causar, pois já vimos ele consumindo nossas florestas, mas o que nos trazes é pouco, muito pouco. Precisamos de mais! - exclamou a borboleta rainha. Morgana se revoltou, sentiu-se menosprezada pela rainha, ou pior sentiu que a própria Deusa tinha sido menosprezada! Desta forma ela injuriou e praguejou contra a rainha Mab, amaldiçoando todas as borboletas do conselho, e partiu jurando perante todas que vingaria sua Deusa e, secretamente, seu orgulho ferido.



A rainha ficou desolada, pois a reunião que serviria para unir as borboletas em prol de lidar melhor com os desafios do mundo estava em ruína, pois além de estarem sem respostas, ainda estavam surgindo conflitos no grupo, pois não apenas Morgana, mas também outras borboletas simpatizantes da Deusa juntamente com as alheias ao desejo de saber cochichavam pra lá e pra cá, causando intriga e um falso pudor em todas as outras. Tanto que a rainha Mab decide acabar com o conselho e mandar todas embora, cuidar de suas vidas. 



Porém, quando todas se preparavam para partir uma jovem surgiu em meio às borboletas, seu nome era Melissa. Melissa se encontrava ébria do desejo de saber como seria realmente o fogo assim como um grande número de borboletas.  Ela disse: Majestade, por favor, espere! O que desejas pequena criatura? Não vedes que estamos todas esgotadas? Não há nada pior que esta angústia: saber que não sabemos de nada! – disse a rainha. Não! Não creio nisto! Que bom que não sabemos! Pois, se o soubéssemos não haveria sentido em nossa existência. É justamente por não saber, que procuramos, experimentamos, nos movimentamos e mesmo que não consigamos descobrir o que queremos certamente apreenderemos algo a mais. Na nossa busca não há resultados e o fim é certo e único, mas nada pode nos tirar a beleza do caminhar! E neste percurso por vezes nos deparamos com momentos, experiências e fenômenos que dão sentido a nossa existência, pois podemos chamar a vida de bela nesta brecha de tempo que nos é concedida! Eis o esplendor do(e) ser – retrucou Melissa. Rainha Mab: Sábias palavras criança, mas o que são elas além disso? Palavras, meras palavras! O que tu tens a nos oferecer? Que grande contribuição podes dar aquelas que te precederam na vida e na busca do saber? Acreditas que podes dialogar com a nossa experiência? Melissa: Sim, o diálogo não pede permissão à experiência, ele a constitui. O pior dos males que pode ocorrer a um ser é a estagnação, o engessamento, a cristalização de suas inúmeras possibilidades. Podem não acreditar em mim, posso não saber das verdades, do futuro, da falha, do erro, mas de que me adianta parar por aqui? Minha base é a incerta? Não importa eu vou!



Assim, Melissa partiu na sua busca de desvelar os mistérios do fogo. Ela encontra o fogo, pousa sobre a chama, abraça-a com as suas asas, faz-se uma só com ela até se tornar totalmente vermelha e incandescente. Quando a borboleta rainha, à distância, a viu assim totalmente transfigurada, totalmente luz e calor, proferiu palavras que entoaram emoções carregadas de pesar e este estrondo silencioso de alguma forma foi sentido por todas. Mab: - Depois de muito anos, muitas tentativas, muitas frustrações, agora esta criança conseguiu saber o que queríamos. Ela é a única que nos pode dizer realmente o que é o fogo, pois agora ela o é!


Andreas Lux

sábado, 8 de janeiro de 2011

MOMENTO MUSICAL

Estrela do Mar

- Dalva de oliveira - 




Um Pequenino Grão De Areia
Que Era Um Pobre Sonhador
Olhando o Céu Viu Uma Estrela
E Imaginou Coisas De Amor



Passaram Anos, Muitos Anos
Ela no Céu e Ele no Mar
Dizem Que Nunca o Pobrezinho
Pode Com Ela Encontrar



Se Houve Ou Se Não Houve
Alguma Coisa Entre Eles Dois
Ninguém Soube Até Hoje Explicar
O Que Há De Verdade
É Que Depois, Muito Depois
Apareceu a Estrela Do Mar







Podem conferir o vídeo da música aqui: