quarta-feira, 22 de setembro de 2010

MOMENTO POÉTICO


XLVI



Das estrelas que admirei, molhadas
Por rios e rocios diferentes,
Eu não escolhi senão a que eu amava
E desde então durmo com a noite.



Da onda, uma onda e outra onda,
Verde mar, verde frio, ramo verde,
Eu não escolhi senão uma só onda:
A onda indivisível do teu corpo.



Todas as gotas, todas as raízes,
Todos os fios da luz vieram,
Vieram-me ver tarde ou cedo.



Eu quis para mim tua cabeleira.
E de todos os dons da minha pátria
Só escolhi o teu coração selvagem.



- Pablo Neruda -

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